Vilar Formoso está intimamente ligada aos caminhos de ferro e, pela sua posição geográfica, teve, ao longo da história, uma importância capital no controlo feito à passagem de pessoas e mercadorias pela fronteira entre Portugal e Espanha.
E é precisamente junto à linha que separa os países da Peninsula Ibérica que está actualmente uma locomotiva comprada pela CP em 1932. Com a B.A. 101 vieram para Portugal mais duas máquinas idênticas movidas a carvão e que faziam o transporte de milhares de pessoas vindas de toda a Europa. A Estação de caminhos de ferro de Vilar Formoso assumiu um papel de importância elevada aquando da II Guerra Mundial, época em que milhares de Judeus tentaram fugir da Alemanha, local onde eram perseguidos, torturados e mortos por Hitler. E foi nas carruagens puxadas pela velha B.A.101 que as vítimas do regime Nazi chegaram e entraram em Portugal, com a ajuda do Consul Português, Aristides de Sousa Mendes. O diplomata pagou caro pelos vistos, não autorizados pelo regime fascista português, que deram luz verde ao refúgio dos Judeus, acabando por morrer pobre e escorraçado mas de consciência tranquila. A máquina que tem o nome da linha por onde tanto circulou, B.A. 101 - Beira Alta 101, está actualmente em exposição na vilda de Vilar Formoso, em bom estado de conservação depois de ter passado anos e anos exposta às condições climatéricas menos favoráveis que a foram degradando.
Alcatraz é o nome de uma ilha Norte-Americana situada geograficamente no estado da Califórnia.
Este pequeno pedaço de terra foi, em primeira instância utilizado como base militar, mas posteriormente foi convertido em prisão: uma das mais seguras do país e que albergava os mais perigosos criminosos como Al Capone, por exemplo.
Em 1963 o complexo foi oficialmente encerrado. Em causa estavam os custos de manutenção e o estado Americano chegou à conclusão que seria melhor construir uma nova prisão em vez de reparar aquela.
No início de 2012 estreou a série "Alcatraz". Com uma história policial rodeada de secretismo e alguma fantasia, J.J. Abrams (autor de séries como Lost e Fringe) conta como 63 pessoas, entre polícias e prisioneiros, desapareceram da ilha antes do seu encerramento e reapareceram paulatinamente nos tempos actuais.
Uma série à boa moda norte-americana com muita acção à mistura que vale a pena ver do primeiro ao último episódio. Lamentável é o seu cancelamento que impedirá uma segunda série, pelo menos para já.
É com a promessa de se tornar num dos maiores museus portugueses que o Machado de Castro, em Coimbra, se mostra ao público ainda sem todas as suas mais valias visíveis, ainda assim é com agrado que podemos visitar o Criptopórtico Romano que sustentava o forum da cidade de Coimbra e, assim, compensando o declive acentuado da cidade. Até finais do século XVI esta estrutura foi usada na cidade.
A zona histórica transformada em museu desde 1911 nem sempre foi acessível uma vez que decorreram lá inúmeros trabalhos de pesquisa arqueológica e de restauro. Mas agora ele está acessível, de cara lavada e à espera da abertura total do Museu Nacional de Machado de Castro para que nos possamos deslumbrar com as suas restantes obras de arte.
Os valores, as regras, as decisões existem desde sempre mas foram criados, recriados, adaptados e até aldrabados para que o Ser Humano pudesse voltar atrás. E a história vai-se repetindo, reproduzindo, afirmando ou simplesmente esquecendo, ainda assim há obras que, como o metropolitano de Paris, faziam sentido há 112 anos e que actualmente fazem as cidades viver. O abismal em obras como a inicialmente conhecida "Estrada de Ferro Metropolitana", só é perceptível quando tomamos consciência do difícil que é fazer um túnel em pleno século XXI, e é então que a pergunta, óbvia, surge. Como é possível?
Rede do metro de Paris (Mapa utilizado na minha visita à cidade) Os números são o comprovativo necessário para demonstrar a grandiosidade deste meio de transporte que se congratula com o galardão de ser o quarto maior da Europa logo a seguir a Londres, Moscovo e Madrid, respectivamente. O sistema ferroviário subterrâneo está dividido em 16 linhas, com 213 quilómetros e mais de 300 estações separadas, em média, 300 metros.
O Metropolitano da capital francesa tem investido bastante na modernização das linhas e, por conseguinte, no aumento da rapidez de viagem. A linha 14 e a linha 1 (representada na fotografia pela estação Franklin D. Roosevelt) estão inundadas de tecnologia. Os comboios circulam sem tripulação o que aumenta o espaço para passageiros nas carruagens. Por não existir maquinista todos os cais destas futuristas estações têm barreiras de segurança que apenas são abertas quando o comboio pára.
Paris é, de facto, uma metropole europeia e por isso a cultura aparece ao virar da esquina. E como não podia deixar de ser, o movimentado meio de transporte subterrâneo é palco de muitos eventos musicais. Podemos começar por duvidar das capacidades artísticas de quem toca ou representa no metro, mas nem precisamos de querer parar para isso acontecer. A qualidade invádenos, e não estando sujeitos ao ritmo frenético dos demais transeuntes acabamos por ficar a ouvir um acordeonista, um cantor ou até não menos vulgar uma banda de rock composta por vocalista, baixista, guitarrista e baterista.
Mas nem só de música se faz a cultura metropolitana, são várias as estações que oferecem aos passageiros exposições de obras de arte feitas, por exemplo com materiais recicláveis.
Tudo isto num vão de escada do Metro de Paris que vive à velocidade da luz.
O Metro impõe-se como o meio de transporte ideal para visitar a cidade, a sua rapidez, flexibilidade e facilidade de utilização são motivos mais do que suficientes para estar no topo da lista do meio de transportes a utilizar. Perder-se é mesmo o mais difícil dentro da rede subterrânea. O Metro tem em todas as estações inúmeras placas indicativas e mapas muito fáceis de seguir que facilitam a vida aos passageiros.
São apontadas criticas a este meio de transporte, uma vez que a cidade não é visível através dele, mas com o tempo que se poupa entre monumentos e locais a visitar pode visitar-se toda a cidade com mais calma. A "Estrada de Ferro Metropolitana" serve também para ajudar a encontrar o norte quando nos perdemos à superficie, uma vez que basta procurar uma estação de metro para reencontrarmos o caminho para casa.
Na paisagem Coimbrã há um elemento que rasga as fotografias e que se impõe. A marcar as horas certas ou erradas, convenientes ou indesejadas a torre, mãe de quatro caprinos tem-se mantido na sua altivez desde 1733. A velha torre da Cabra, hoje substituida pelos modernos relógios impostos aos estudantes que vivem freneticamente o seu ritmo académico, foi mandada construir em 1537. Mas não foi esta que chegou aos nossos dias. A disponibilidade financeira e, talvez mais importante, a excentricidade do nosso conhecido D. João V fizeram com que ela fosse aumentada para os 33 metros de altura e assim os seus quatro sinos e quatro relógios fossem vistos em toda a alta universitária (1733). A sua utilização era regalia de toda a cidade ainda assim o seu principal objectivo era atingir os estudantes da Universidade que eram acordados, todas as manhas, pelo toque de um sino de nome "cabrão", vá-se lá saber porque... Ainda assim o sino mais importante e que torna conhecido o monumento é mesmo A Cabra. É sabido que Coimbra sempre esteve na vanguarda das lutas estudantis. A sua tradição assim o impõe e, à época, era inevitável uma vez que a Universidade de Coimbra era única no país. E também nestas lutas esteve envolvida a torre e os badalos dos sinos que chegaram a ser roubados para que o "cabrão" não tocasse e, por conseguinte não houvesse obrigatoriedade de cumprir os horários académicos também eles diferentes do resto do país e mesmo da própria cidade de Coimbra. Actualmente os relógios da Universidade de Coimbra estão de acordo com o fuso horário nacional, mas, naquele tempo pode dizer-se que Portugal tinha 3 horas diferentes: (1) a do continente e arquipélago da Madeira, (2) a do arquipélago dos Açores e a da (3) Alta Universitária de Coimbra. Assim era, os relógios da velha torre eram atrasados quinze minutos para que o chamar dos estudantes para as aulas não fosse confundido com o chamar dos fiés para as missas.
A História "d'A Cabra", do cabrão e dos restantes sinos sem nome não se aprende numa subida ao topo da cidade, mas vale mesmo apena disfrutar de uma vista panorâmica que engloba toda a cidade do Mondego e essa, só se consegue no topo da velha Torre d'A Cabra, hoje de cara lavada e aberta ao público.
Foi em Outubro de 2011 que, numa reunião de redacção, enquanto se discutia a nova grelha de Inverno da Rádio Universidade de Coimbra (RUC), me calhou, quase ao acaso, a coordenação do Ponto & Vírgula, e, por seu turno, a pasta editorial de Academia e Ensino Superior que ocupam os primeiros lugares da pirâmide invertida da RUC.
A primeira dor de cabeça que se almejava resolver era o nome do programa. Não podia continuar a chamar-se Observatório Superior porque o novo formato ía, ao contrário do anterior, integrar, também, toda a área da educação quer fosse ensino superior, primário, básico ou secundário. Assim, como quem não quer a coisa, acabo por lançar o nome "Ponto & Vírgula" para o ar. Mas porque "Ponto & Vírgula"? Nem eu próprio sei, mas o certo é que ficou e, ao mesmo tempo, inviabilizou o nome do Diabo a Quatro (programa da RUC com espaço para o debate de temas de nível nacional comentados por docentes das diferentes faculdades da Universidade de Coimbra (UC) ) que tinha como nome previsto "Pontos Cardeais" e, segundo a directora de informação, eram "pontos a mais" para uma só grelha de informação.
Na estreia, a 18 de Outubro de 2011, o programa que prometia abordar diferentes temas em diferentes formatos (entrevista, reportagem, debate, etc...), teve como convidado o reitor da UC, o Professor João Gabriel Silva. Pode-se dizer que esta primeira edição não podia ter corrido melhor, uma vez que as palavras do antigo director da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC foram ouvidas e destacadas na primeira página do Jornal de Notícias em manchete.
A partir daqui melhorar era difícil, mas continuava a ser importante ganhar espaço e reconhecimento.
Confesso que uma das maiores dificuldades é conseguir juntar na mesma mesa, entidades tão importantes quanto ocupadas como é o caso da Reitoria da UC ou da Camara Municipal.
Não tendo acesso aos dados, pelo "feedback"que me foi chegando, os programas mais ouvidos foram, sobretudo, dois: No auge das polémicas, mesmo a nível nacional, que levaram a praxe de novo para as primeiras páginas dos jornais, o programa que colocou o Dux Veteranorum e os professores da UC descontentes na mesma mesa foi, sem sombra de dúvidas, um dos programas mais ouvidos. Em segundo lugar penso que o debate que colocou Dino Alves e Fabian Figueiredo frente a frente também teve uma larga audiência uma vez que estes dois actores da vida política académica são conhecidos pelas suas divergências partidárias e de opinião.
De todos os programas destaco dois que gostei, particularmente de fazer. O primeiro refere-se à entrevista ao reitor da UC, porque, para qualquer jornalista, é bom ter alguém com responsabilidades que se pode comprometer com resoluções de problemas, ou até mesmo, esclarecer dúvidas que persistem. Em segundo lugar colo o penúltimo programa da série que foi conduzido a meias, no qual abordamos um tema que, muitas vezes, passa desapercebido, o regresso à faculdade de pessoas mais velhas que por alguma motivo tiveram que abandonar os estudos "quando eram novos".
O Ponto & Vírgula foi a escola necessária para cimentar pilares na formação que a Rádio Universidade de Coimbra me deu.
Lista de reprodução com os PodCasts do Ponto & Vírgula:
A primeira já morava em Coimbra e 73 anos depois da final de 1939 a Briosa arrecada o segundo troféu da prova rainha do futebol português.
Mais do que um dos jogos do ano, a Final da Taça de Portugal é a festa que marca o fim do ciclo futebolístico nacional. O pão com chouriço, a bifana, as toalhas aos quadrados vermelhos e brancos, a cerveja e o vinho são os ingredientes da festa da família num recinto histórico numa das pontas da capital. O Jamor já foi melhor. Também já lhe foi exigido menos. Mas hoje em dia são fracas as condições para acolher um tão importante evento como este. Ainda assim, o jogo no relvado é o que menos importa.
Neste caso a final da taça é ainda mais importante pela carga política que os estudantes da cidade universitária, por excelência, quiseram impor. As dificuldades financeiras que a classe estudantil atravessa esteve bem presente no intervalo do jogo que opôs a Académica ao Sporting. Percebia-se claramente que havia uma mensagem a passar e que aqueles jovens não estavam ali apenas pelo jogo. Aproveitando o mediatismo associado ao evento a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra impôs a sua presença através de faixas gigantes e lençóis que cobriam a claque vinda de Coimbra. "Futuro negro no ensino superior" e "mais de 11 mil bolsas recusadas" eram algumas das frases impressas a preto em fundo branco.
No final da partida, com fracos momentos de qualidade desportiva, a Taça acabou mesmo por viajar até Coimbra onde deu o mote à festa pela noite dentro. Publicado no:
A magia não existe. A matemática bate sempre certo. Duas premissas, uma conclusão: mentira.
Parece que deixamos todo o nosso conhecimento de parte, tudo aquilo que sabemos é mentira. Não há verdades absolutas ou relativas. Pura e simplesmente não existem. Assim é a mente do mais sábio dos sábios ou do mais ignorante dos ignorantes. Ter a Quarta Classe ou ser doutorado em Física Quântica. Estamos todos em pé de igualdade ao assistirmos a um espectáculo de ilusionismo. Ou melhor, de magia.
É difícil descrever um envolvimento tão sincero, tão desinteressado e, ao mesmo tempo, tão ingénuo. A pergunta é sempre a mesma: como se faz? A resposta, inconscientemente, preferimos que ninguém nos dê. Que continuem a deixar-nos com a pulga atrás da orelha e a disfrutar de minutos num mundo onde parece tão fácil ver os problemas resolvidos, que talvez nem existam.
Cotação máxima na bolsa de borboletas do Luís de Matos que provocou um imenso CHAUS na minha cabeça.
A dificuldade de alguns é o trunfo de outros. É certo que nem toda a gente consegue ter um discurso fluido em público, mas os que conseguem, ganham pontos a seu favor e mudam opiniões.
A questão da argumentação e da retórica não é nova. Já no século Vº (a.c.) foi construido o primeiro tratado de argumentação. Mas vamos à história. A Sicilia, no Egipto, passou a ser governada por dois tiranos que retiravam as terras aos proprietários e as entregavam aos militares. Passado algum tempo a tirania foi derrubada e os proprietários quiseram recuperar o que era seu por direito. Para isto Córax e Tísias desenvolveram o primeiro Tratado de Argumentação para ser utilizado pelos donos das terras que levantaram inúmeros processos em tribunal. Mas se neste mito fundador, a retórica era utilizada para fazer valer factos verdadeiros depressa passou a servir interesses. A Retórica não precisa de conhecer a realidade das coisas; basta-lhe um certo procedimento de persuasão por si inventado para que pareça, diante dos ignorantes, mais sábia que os sábios, afirmou Sócrates. Também Aristóteles vincou esta ideia: a retórica tem base numa verdade provável, e não provada; plausível, e não certa; verosímil, e não evidente, concluiu. Parece que actualmente esta ideia não só não se alterou, como acabou por se agravar. Se no princípio a retórica defendia verdades e direitos, a determinada altura passou a defender apenas meias verdades, por vezes condenáveis. Agora até já uma mentira com uma boa base de argumentação parece tornar-se verdade. O tempo evolui e a argumentação é fundamental para mudar mentalidades. Será correcto fazer isto com premissas falsas? Aliás, será que existem mesmo premissas falsas?
John Kennedy foi um homem que conseguiu colocar as finanças norte-americanas na linha com as suas políticas que reduziram a austeridade e a agressividade para a população dos Estados Unidos. Nem todas as suas acções foram louváveis, mas pode deixar-nos a pensar nas linhas económicas que são seguidas actualmente na Europa. Depois do bom e do mau, Kennedy acabou morto de forma pouco honrada com dois tiros na cabeça.
Permanece uma frase que me parece acertada e que deve ser levada em conta nas decisões que tomamos hoje em dia: "Ask not what your country can do for you - ask what you can do for your country." (Não perguntes ao teu país o que ele pode fazer por ti. Pergunta antes o que tu podes fazer pelo teu país.) Quer-me parecer que uma boa solução para a crise: cada um fazer a sua parte.
Na Rua Rivoli, em Paris, está um dos melhores museus do mundo. Cenário de filmes o Louvre atrai por tudo menos pela Mona Lisa.
Confesso que não as contei, mas depois de uma breve pesquisa cheguei ao redondo número de 380 mil obras. Um número destes é, por si só, esclarecedor da atracção dum museu que não se pode destacar apenas por um só retrato.
Para começar o edifício onde se situa o museu mais visitado do mundo é duma imponência tal que, como se costuma dizer, deve ter uma código postal só para si. O real Castelo do Louvre tem mais de 800 anos e aquando da sua fundação, por Filipe II, tinha como principal função a protecção de Paris das invasões Vikings. Daí a sua grandeza.
Mas voltando ao actual Museu do Louvre, embora as obras lá presentes sejam famosíssimas e de pura beleza é óbvio que quando se fala em Louvre, fala-se em Mona Lisa. Por curioso que pareça todos os que vêem o retrato, pintado por Leonardo Da Vinci, ficam desiludidos. O quadro é pequeno, está rodeado de segurança, tem um vidro que impede a qualidade das fotografias e montes de chineses a tirar fotos em todas as posições à frente da barreira que fica, exagerando, meio quilómetro afastada da obra.
No meio de tanta e tão boa arte para quê perder tempo com esta que, embora envolvida de fama e misticismo, pouco mais é que um retrato como tantos outros que já vimos. É ainda um desrespeito pelo próprio autor que mais vistosas obras assinou. Depois de ultrapassada a frustração causada pela apoucada Mona, a visita continua. A partir daqui sim. Sem desilusões. Agora a palavra chave é surpresa. Quando não se está à espera de nada, o qualquer coisa já é bom. Mas o Louvre dá-nos mais que qualquer coisa, dá-nos tudo. Obras de grandes artistas europeus destacam-se assim como se destaca um leque vasto de artefactos do Egipto que parecem nunca ter saído de moda.
O Museu do Louvre é, de facto, fantástico. Visita-lo com minúcia e degusta-lo devidamente requer mais tempo que uma simples manha. Merece até uma viajem de propósito a Paris apenas com o objectivo de vasculhar oito mil anos de Oriente e Ocidente.
A obra de Auguste Rodin é uma das
boas surpresas quando passamos pelos jardins do antigo Hotel Biron,
transformado no museu com a mais vasta colecção do escultor. Embora existam várias
cópias desta obra, a original apenas se pode visitar no Musée Rodin, em Paris.
Uma semana de Festa. A maior entre todas, diz-se. A verdadeira Queima das Fitas já acabou e, agora, sobram os sapatos enlameados.
As promessas são sempre as mesmas: "picar o ponto" todos os dias, ser varrido, de manha, pelos seguranças quando a música acabar e o recinto estiver para fechar e, claro, entre a entrada e saída regar bem o espírito que vem já bem aconchegado pelos típicos jantares que acabam por volta das três da manhã.
Se a falta de ocupação diurna, no meu primeiro ano, me fez cumprir todos estes votos de forma muito facilitada, já este ano não posso dizer o mesmo.
O mais curioso na Queima das Fitas é que por mais que se critique a falta de qualidade do cartaz, há gente que vem de todo o lado só para viver o espírito da cidade dos estudantes. Espirito esse que não passa por uma ou duas horas em frente ao palco.
Mas afinal o que é o tão exaltado espírito académico? A resposta mais correcta deve recair sobre todos os acontecimentos que envolvem os estudantes e a cidade como é o caso da Serenata Monumental, a capa e a batina, a praxe coerente ou até mesmo a garraiada na Figueira da Foz. Mas embora esta seja a resposta mais correcta nem sempre é a mais dada. O espírito académico é a cerveja aos montes engolida com uma rapidez recorde para culminar numa bebedeira orgulhosa.
Por estranho que pareça o maior orgulho nas bebedeiras da Queima parece ser mesmo dos familiares (muitas vezes pais e irmãos) que visitam a cidade no dia do cortejo e fotografam os seus rebentos a sugarem cerveja como se não houvesse amanha e de sorriso nos lábios ainda dizem aos filhos mais novos: "- Estuda, meu filho, que daqui por uns anos és tu que estás ali.".
Ainda assim compreendo melhor os excessos alcoólicos que fazem desinibir os foliões do cortejo (sem contar com os que entopem os hospitais) do que o desperdício de cerveja. Mais uma tradição que parece ter sido anexada à cidade do Mondego: abrir latas de cerveja e despeja-las por cima dos colegas. Não consigo compreender porque é que isto se faz e até nem acho grande piada.
Embora neste meu segundo ano de Queima, bandas houveram que me chamaram a atenção e foram capazes de me prender por algum tempo, confesso que apenas o Rei da música popular ainda me consegue manter em frente ao palco durante cerca de hora e meia. Não percebo porque. Como se costuma dizer "é vira o disco e toca o mesmo". Mas já é habitual o Quim Barreiros puxar o povo até ao recinto em dia de cansaço provocado pelos passos largos dados durante a tarde de domingo no cortejo da Queima. Uns passos de dança ao som dos hits deste senhor, estimulados pela cerveja e sangria bebidas ao jantar, são suficientes para levar a noite como ganha.
Embora o balanço desta Queima seja positivo não conseguiu superar a do ano anterior. Lamento. E muito.
Numa das pontas dos Campos Elísios, Napoleão Bonaparte, mandou erguer a obra que consagrava as suas vitórias militares. O mau agouro Português reflecte-se nas paredes onde estão inscritos os fracos que sucumbiram nas mãos francesas.
Sem entrar, a beleza do Arco do Triunfo é bem perceptível. Depois de passar o túnel de acesso à rotunda que o acolhe, circundada pelo frenesim dos parisienses que, de carro, por ali passam, a beleza daquele monumento é devastadora. Saber que a construção assenta, puramente, no empolamento das vitórias francesas é ainda mais fascinante. Não há ali qualquer estratagema militar, religioso ou do que quer que seja. Nós ganhámos e queremos dizer ao mundo que ganhámos! Terá sido este o espírito do líder político que comandou as invasões francesas quando mandou construir esta obra.
Os turistas que lá passam (a menos que sejam asiáticos, africanos ou americanos) não gostam certamente de ver o nome das cidades dos seus países ali inscritas. - Falo por mim! O nome de Almeida naquela parede levou-me a premir o flash da câmara fotográfica, mas afectou o meu orgulho. Confesso mesmo que, mentalmente, soltei um palavrão.
Se os Europeus que visitarem o Arco do Triunfo não se sentirem vilipendiados não vão querer perder a oportunidade de subir ao monumento, até porque se quiserem vão, certamente, arrepender-se. A vista sobre a cidade do Sena é fenomenal, imponente e de cortar a respiração. Faz esquecer qualquer orgulho ferido. Orgulho este que por ter sido arranhado me faz adjectivar mais básicamente este monumento e, confesso, a própria cidade de Paris.