sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Poder Da Palavra Enrolada






























A dificuldade de alguns é o trunfo de outros. É certo que nem toda a gente consegue ter um discurso fluido em público, mas os que conseguem, ganham pontos a seu favor e mudam opiniões.

A questão da argumentação e da retórica não é nova. Já no século Vº (a.c.) foi construido o primeiro tratado de argumentação. Mas vamos à história. A Sicilia, no Egipto, passou a ser governada por dois tiranos que retiravam as terras aos proprietários e as entregavam aos militares. Passado algum tempo a tirania foi derrubada e os proprietários quiseram recuperar o que era seu por direito. Para isto Córax e Tísias desenvolveram o primeiro Tratado de Argumentação para ser utilizado pelos donos das terras que levantaram inúmeros processos em tribunal.
Mas se neste mito fundador, a retórica era utilizada para fazer valer factos verdadeiros depressa passou a servir interesses. A Retórica não precisa de conhecer a realidade das coisas; basta-lhe um certo procedimento de persuasão por si inventado para que pareça, diante dos ignorantes, mais sábia que os sábios, afirmou Sócrates. Também Aristóteles vincou esta ideia: a retórica tem base numa verdade provável, e não provada; plausível, e não certa; verosímil, e não evidente, concluiu.
Parece que actualmente esta ideia não só não se alterou, como acabou por se agravar. Se no princípio a retórica defendia verdades e direitos, a determinada altura passou a defender apenas meias verdades, por vezes condenáveis. Agora até já uma mentira com uma boa base de argumentação parece tornar-se verdade. O tempo evolui e a argumentação é fundamental para mudar mentalidades. Será correcto fazer isto com premissas falsas? Aliás, será que existem mesmo premissas falsas?

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