domingo, 13 de maio de 2012

Crónica De Um Estudante Molhado

em Coimbra, Portugal
© ISA, AG: A CABRA'12 
Uma semana de Festa. A maior entre todas, diz-se. A verdadeira Queima das Fitas já acabou e, agora, sobram os sapatos enlameados.

As promessas são sempre as mesmas: "picar o ponto" todos os dias, ser varrido, de manha, pelos seguranças quando a música acabar e o recinto estiver para fechar e, claro, entre a entrada e saída regar bem o espírito que vem já bem aconchegado pelos típicos jantares que acabam por volta das três da manhã.
Se a falta de ocupação diurna, no meu primeiro ano, me fez cumprir todos estes votos de forma muito facilitada, já este ano não posso dizer o mesmo.
O mais curioso na Queima das Fitas é que por mais que se critique a falta de qualidade do cartaz, há gente que vem de todo o lado só para viver o espírito da cidade dos estudantes. Espirito esse que não passa por uma ou duas horas em frente ao palco.
Mas afinal o que é o tão exaltado espírito académico? A resposta mais correcta deve recair sobre todos os acontecimentos que envolvem os estudantes e a cidade como é o caso da Serenata Monumental, a capa e a batina, a praxe coerente ou até mesmo a garraiada na Figueira da Foz. Mas embora esta seja a resposta mais correcta nem sempre é a mais dada. O espírito académico é a cerveja aos montes engolida com uma rapidez recorde para culminar numa bebedeira orgulhosa.
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Por estranho que pareça o maior orgulho nas bebedeiras da Queima parece ser mesmo dos familiares (muitas vezes pais e irmãos) que visitam a cidade no dia do cortejo e fotografam os seus rebentos a sugarem cerveja como se não houvesse amanha e de sorriso nos lábios ainda dizem aos filhos mais novos: "- Estuda, meu filho, que daqui por uns anos és tu que estás ali.".
Ainda assim compreendo melhor os excessos alcoólicos que fazem desinibir os foliões do cortejo (sem contar com os que entopem os hospitais) do que o desperdício de cerveja. Mais uma tradição que parece ter sido anexada à cidade do Mondego: abrir latas de cerveja e despeja-las por cima dos colegas. Não consigo compreender porque é que isto se faz e até nem acho grande piada.
© SB, RUC'12
Embora neste meu segundo ano de Queima, bandas houveram que me chamaram a atenção e foram capazes de me prender por algum tempo, confesso que apenas o Rei da música popular ainda me consegue manter em frente ao palco durante cerca de hora e meia. Não percebo porque. Como se costuma dizer "é vira o disco e toca o mesmo". Mas já é habitual o Quim Barreiros puxar o povo até ao recinto em dia de cansaço provocado pelos passos largos dados durante a tarde de domingo no cortejo da Queima. Uns passos de dança ao som dos hits deste senhor, estimulados pela cerveja e sangria bebidas ao jantar, são suficientes para levar a noite como ganha.
Embora o balanço desta Queima seja positivo não conseguiu superar a do ano anterior. Lamento. E muito.

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