quinta-feira, 11 de junho de 2015

Fecha Ou Não Fecha?

©TAP
A TAP foi hoje finalmente vendida. Nem podia ser de outra forma. Depois de uma tentativa falhada e de tanta pressão, o governo não podia voltar a falhar. Tinha mesmo que vender: porque é assim que a política funciona. Custe o que custar.

Não discutirei a questão económica que é o que mais interessa. O certo é que não sei o que é melhor para a TAP, se a privatização ou a manutenção na esfera pública. Aquilo que sei é que, embora tenha tentado formar uma opinião através dos meios de comunicação social, isso me foi negado.

Vi todos os "Prós e Contras" sobre o tema, vi a entrevista de Sérgio Figueiredo a José Gomes Ferreira, li a entrevista de Fernando Pinto no Expresso, vi o último "As Palavras e os Atos" da RTP, vi a "Grande Reportagem" em dois episódios da SIC e outros tantos artigos, opiniões, programas, debates e entrevistas promovidos pela comunicação social. E continuei sem saber se a privatização é melhor do que a manutenção pública da empresa e vice versa.

Hoje, lembrei-me de escrever este texto depois de ouvir Passos Coelho dizer que "o que aconteceria se não tivéssemos condições para concluir este processo com sucesso era a liquidação da empresa a médio prazo".

Não foi o mesmo que ouvi a Sérgio Figueiredo na passada quinta feira. "Não, não, João, não fecha. Mas é reestruturada". Dizia o secretário de estado a João Galamba num debate na RTP1 quando o deputado do PS se queixava do discurso terrífico do governo: "Todos os argumentos que apresenta, são os argumentos da falta de alternativa e do encerramento da empresa", lamentava o deputado do PS.

Que este governo não dialoga internamente, creio que já todos percebemos. Mas agora percebemos também que a estratégia da venda da TAP pode estar assente em pressupostos errados. Afinal, o estado pode, ou não, reestruturar a empresa. Precisa de pedir autorização à Comissão Europeia? A empresa pode fechar se não fôr vendida?

Eis um conjunto de questões que deviam ter sido respondidas e não foram. Aqui o jornalismo devia ter tido uma palavra a dizer. Devia dominar a opinião pública. Devia ser o verdadeiro quarto poder. 

Estou farto de guerrilhas políticas amplificadas pelos palcos da televisão ou pelo braço estendido com um microfone para "reagir às declarações de fulano ou sicrano". Temos que perceber que os políticos não são pessoas de bem. Só querem ganhar o combate mais próximo, quer seja uma discussão na AR ou a venda de uma empresa basilar da economia portuguesa.

RELACIONADO:
Quem manda mais?
O governo de Passos Coelho foi eleito com a privatização da TAP no programa de governo do seu partido. Este assunto é, aliás, muito caro aos partidos com maior representação parlamentar porque por diversos momentos já quiseram a privatização da companhia. [LER TUDO]

5 comentários:

  1. Diogo, Pedro Passos Coelho falou que se a TAP não fosse privatizada, havia a opção da reestruturação. Agora, vamos ser realistas. Esta privatização estava pensada desde 1997, quando o Partido Socialista estava no poder. Não foi imediatamente privatizada e, portanto, a sua dívida aumentou até aos atuais 550 milhões de euros. Já a dívida do Estado português é superior a 5 milhões, segundo dados de abril de 2015.
    Por outro lado, a TAP é a maior companhia aérea portuguesa, cujos aviões são, por sinal, meio de transporte de turistas. O jornal "i" noticiou que “o banco central confirmou que 2014 foi o melhor ano do turismo em Portugal" e que as receitas do turismo inclusive aumentaram em relação a 2013. "Em causa está um contributo de mais de 7000 milhões de euros para a balança comercial portuguesa e que representa 80% do défice da balança comercial de bens".
    Deste modo percebemos o (antigo) contributo desta empresa para a economia portuguesa. Porém, caso houvesse reestruturação, a frota ia diminuir e ia, como disse o primeiro-ministro, ficar uma "Tapzinha".
    Outro ponto é o facto de ter sido comprada por um estrangeiro, David Neeleman, se bem que o português Humberto Pedrosa tem a maioria do capital do consórcio Gateway (ao invés da proposta de Efromovich).

    Não vou terminar a minha opinião. Vou escrevê-la posteriormente no blogue.
    Desculpa o texto longo e tem cuidado com os dados errados de alguns jornais.

    http://atualidadesbyclaudia.blogspot.pt/2015/06/privatizacao-da-tap.html

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Cláudia,
      Obrigado pelo teu comentário. Confesso que não percebo em que medida a minha opinião é diametralmente oposta à tua e também não sei onde estão os dados errados do meu texto.
      Já no teu comentário identifico dois erros que me parecem grosseiros:
      Em primeiro lugar a dívida do estado português não é de 5 milhões de euros. Esse valor diz respeito ao atual aumento diário - repito, diário - da dívida que está nos 209 mil milhões de euros (mais coisa menos coisa). No caso da dívida pública ser o valor que identificas, estaríamos em época de prosperidade e a privatização da TAP eliminaria a nossa dívida uma vez que o estado encaixou 10 milhões de euros com esta venda.
      Em segundo lugar não devemos colocar a dívida da TAP no mesmo bolo que a dívida pública portuguesa porque, bem saberás, o estado não investe na companhia há uma série de anos porque está impedido de o fazer por normas europeias.

      Eliminar
    2. Efetivamente não analisei os dados da dívida pública corretamente. A minha fonte de informação estava correta o erro enorme foi meu e já corrigi no blogue. Peço desculpa.

      Quanto ao segundo ponto, referes-te às frases: "Não foi imediatamente privatizada e, portanto, a sua dívida aumentou até aos atuais 550 milhões de euros. Já a dívida do Estado português é de cerca de 209 mil milhões."? É que eu não queria de facto colocá-las "no mesmo bolo". As frases são ambíguas?
      Por fim, reitero novamente a minha conclusão da importância de investimento nesta empresa e o benefício para a TAP que a privatização pode ter.

      Eliminar
    3. Obrigada pelo aviso que é efetivamente importante sobretudo quando se tratam de dados factuais.

      http://atualidadesbyclaudia.blogspot.pt/2015/06/opiniao-o-que-e-bom-para-tap-e-bom-para.html

      Eliminar
    4. Quanto à privatização, percebo que a defendas. Eu, como digo neste texto, não tenho opinião formada.

      Eliminar