segunda-feira, 29 de junho de 2015

A Europa É A Solução Da Grécia

Gosto de dizer que sou um europeísta convicto. Talvez por acreditar que a União Europeia consolidada resolveria muitos dos nossos problemas, mais do que por achar que o caminho que se faz hoje seja o mais sério.

A situação que se vive na Grécia é dramática. Estive lá em 2013 - na altura cumpriam-se 2 anos desde o primeiro resgate - e fiquei impressionado com as colónias de sem-abrigos nas ruas, as lojas fechadas e o ambiente pesado. Atenas era uma cidade sem brilho. Tive a oportunidade de, pouco tempo depois visitar uma das cidades mais pujantes da Alemanha e perceber as diferenças. Mas nem era necessário porque Dublin e Lisboa, onde também estive, são o rosto de países diferentes. De facto, Portugal não é a Grécia.

Como disse no começo, acredito que a Europa pode ser o remédio deste mal chamado dívida soberana que afeta a maior parte dos países do velho continente. Se fomos (nós, europeus) capazes de criar um país como a Alemanha que se conseguiu recompor dos danos da guerra muito graças à convergencia dos países que anos antes tinham sido completamente arrasados pela ira do nazismo, porque não podemos reerguer este projeto pensado na base da paz e da solidariedade entre povos?

A criação de um projeto federalista não é fácil. Sabemos que não temos a mesma língua (são 24 diferentes!) e as culturas e costumes são diferentes mas, acreditando na solidariedade entre povos, acredito que as diferenças podem ser superadas. 

Olhemos para os EUA que tiveram no seu país o gatilho para a crise internacional, mas mesmo assim não foram, nem de longe nem de perto, os mais afetados. E é este país, que deu o tiro de partida para os "Estados Unidos da Europa", que agora parece mais preocupado em resolver este bico de obra que pode provocar uma nova crise global sem precedentes.

Aquilo que nos deve preocupar não é simplesmente em que zona os estilhaços da bomba que se quer lançar sobre a Grécia nos vão atingir. Devemos preocupar-nos também, e acima de tudo neste momento, com os efeitos da bomba lançada. Não podemos permitir que a Grécia continue a afundar-se e que as colónias de sem-abrigos continuem a crescer, sem tentar resolver o problema e dormindo bem com isso.

Reportagem "Portugal não é a Grécia". © Diogo Pereira, 2013

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