sábado, 18 de abril de 2015

Quem Manda Mais?

© TSGT ANNA HAYMAN, USAF, Wikipédia


O governo de Passos Coelho foi eleito com a privatização da TAP no programa de governo do seu partido. Este assunto é, aliás, muito caro aos partidos com maior representação parlamentar porque por diversos momentos já quiseram a privatização da companhia. Conclusão: se os partidos que apoiam a venda a privados da transportadora aérea nacional têm relevância suficiente na Assembleia da República estão, por isso, legitimados para levarem o processo adiante.

A legitimidade de efetuar a privatização não esgota a discussão. É óbvio que quem não votou nos partidos que a defendem ou quem, tendo votado nos partidos que a defendem, não concordam com ela, tem o dever de mover os esforços possíveis para fazer valer a sua opinião. É o caso do movimento "Não TAP os olhos".

Vendo legitimidade em qualquer cidadão português em não querer a venda da TAP, não reconheço qualquer direito superior aos trabalhadores da empresa. A questão da opinião individual não está em causa, o que está em causa é a utilização de recursos laborais para fazer contra poder ao poder democraticamente eleito.

O que está a acontecer com a recém criada greve dos pilotos da TAP é uma claríssima estratégia política para travar um processo legítimo. Como refere João Garcia na sua crónica no Expresso, não se compreende como é que os trabalhadores desta empresa não gostam do seu atual patrão, mas estão a fazer de tudo para continuarem com ele.

Os sindicatos servem para apoiar os trabalhadores na sua luta laboral. Embora o Partido Comunista queira, os sindicatos não servem para encostar o estado à parede. Ser prejudicado por uma greve dos trabalhadores da TAP que contesta a privatização da companhia quando ela foi sufragada, é a mesma coisa que um conjunto de cidadãos decidam conduzir um comboio em dia de greve. Pro bono.

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