sábado, 15 de dezembro de 2012

Na Linha De Bucareste A Iasi

em Iași, Romania

São onze e meia da manha. O objectivo é apanhar um comboio com destino a uma das pontas da Roménia. A cidade chama-se Iasi e está localizada junto à fronteira com a Moldávia e é lá que vou participar, juntamente com outros jovens oriundos de vários países da UE, num intercâmbio cultural promovido e financiado, quase na totalidade, pela comissão europeia. Esta iniciativa que pretende misturar culturas chama-se juventude em acção e, esta em particular, está subordinada ao tema da reciclagem e reutilização de produtos.
A Gare do Norte, principal estação ferroviária da capital, parece velha, suja e pouco modernizada. Não vemos painéis electrónicos, anúncios de partidas e chegadas através de auto falantes, elevadores, escadas rolantes, túneis para ultrapassar as linhas. Parece que recuamos no tempo. O comboio tem a forma típica. Uma máquina com carruagens atreladas, nada de motoras ou modernices como o nosso Alfa Pendular. Este comboio romeno é mais parecido ao Intercidades português, mas com mais qualidades. A principal diferença entre eles é a existência de portas automáticas nas divisórias das carruagens que facilitam as passagens com malas.
Antes da viagem começar surgem inúmeros vendedores de revistas, incluindo títulos internacionais, escritos em inglês, como a National Geographic, por exemplo.
Depois de iniciada a viagem não tarda a chegada do revisor. De boina como se estivéssemos no Expresso do Oriente. O processo de validação dos títulos de transporte é exactamente igual ao português, sem problemas ou complicações.
Durante a longa viagem de sete horas o comboio pára poucas vezes. Umas seis ou sete, não mais. Mas em cada uma destas estações entra um novo vendedor ambulante que vai colocando os produtos que tem para vender em cima dos bancos que estão livres ou em cima das mesas individuais. Vendem-se dos mais variados tipos de produtos que vão desde chocolates a canivetes, cartas de jogar, porta-chaves ou até mesmo pequenas árvores de natal iluminadas. Tudo isto decorre com a maior normalidade, sem impedimentos.
As expectativas eram altas relativamente à paisagem. Foram várias as pessoas que me haviam dito que era bonita, com grandes planícies verdes, o que não é falso de todo, ainda assim não me pareceu surpreendente. Grandes planícies, de facto, com culturas muito semelhantes e difíceis de decifrar. O que mais se destacava na paisagem eram, de quando em vez, os edifícios abandonados. Grandes fábricas e armazéns que pareciam ser de ninguém, deixados à sorte, com vidros partidos e paredes a cair. Alguns queimados.
A viagem chega ao fim após sete horas do começo, no tempo previsto. Na saída da Gare, Iasi deixa a ideia que tem muito para mostrar.
FOTOGRAFIA: © Cláudia Paiva, Dezembro 2012

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